Como já foi escrito neste blog, o flamenco nasceu na Andaluzia. Contudo, definir seu local de nascimento não simplifica suas raízes culturais. Desde o começo do século VII viveram no sul da Espanha, além dos espanhóis, árabes, mulçumanos e judeus e todos compartilharam o espaço geográfico que então se chamava Al-Andalus. Quando a região foi reconquistada por reis católicos, partir do século XV, os outros povos foram expulsos dali e começaram a aparecer povos da etnia dos gitanos que também foram duramente perseguidos pelos reis.
Cada um deles ofereceu sua contribuição ao sedimento musical e cultural que hoje conhecemos como flamenco. Mesmo sendo evidente a diferença entre a tradição musical de cada um, pode se identificar no flamenco os matizes que o originaram.
Gitanos: Os primeiros registros da chegada dos gitanos à Espanha datam de 1425. Eles teriam vindo do Egito Menor depois de um longo peregrinar. Acredita-se que tenham vindo da região do Punjab, na Índia. Já em 1492 foram criadas leis na Espanha que revelam a perseguição dos espanhóis sobre este povo. Desde então eles buscam se isolar e passam a viver em pequenos povoados de Andaluzia. De acordo com Mario Penna, quando chegaram na Espanha não possuiam um patrimônio musical, mas uma extraordinária capacidade de interpretação e se apropriaram muito rapidamente dos cantos folclóricos que encontraram e os transformaram quase que imediatamente.
Andaluzes: Ricardo Molina definiu a Andaluzia como um país do mundo Mediterrâneo. Um país porque é a segunda maior comunidade autônoma espanhola, que possuí características sociais, culturais e econômicas muito diferentes do resto do país. Toda sua história geológica e humana participou das formas culturais dominantes nos países ribeirinhos do Mediterrâneo. As regiões onde surgiu o cante flamenco eram predominantemente agrícolas, mas estavam ao mesmo tempo cercadas por um comércio intenso com as cidades de Cádiz e Sevilha.
Judeus: Sefarad foi o nome dado pelos judeus a Espanha e hoje os sefardies são aqueles judeus expulsos em 1492 por não aceitarem o cristianismo, mas que reconhecem sua origem espanhola. Existem estudos que apontam que a música judaica se incorporou com as formas flamencas. Carlos Arbelos afirma que uma das melodias usadas para celebrar o Yom Kipur é, em algumas versões, praticamente igual ao lamento do cante por siguiriyas. Estrella Morente em Tangos del Chavico utiliza letras com as quais os judeus celebram a Páscoa.
Muçulmanos: Quando os muçulmanos foram expulsos, muitos resolveram abandonar suas crenças e costumes para permanecer no país. Porém, não é possível acabar com uma cultura por decreto e é de se supôr que muitos elementos musicais sobreviveram à derrota militar muçulmana. A música árabe tem sua base melódica em melodias persas, como aparece no flamenco: variações orientais no uso dos tons. Por isso quando escutamos cantes básicos pela primeira vez nosso ouvidos estranham, pois não estão acostumados. El Lebrijano em seu disco Casablanca realiza uma fusão entre flamenco e músicas da região do Magreb.
Este post foi criado com base na leitura do livro El Flamenco Contado con secillez
Potências do Tempo, por Lapoujade
Há uma semana
2 comentários:
Gostei muito do seu blog .... eu amo flamenco e estou fazenduu algumas pesquisas para fazer uma apostila ... Se vc puder me ajudar algo meu email é lilika_gordon@yahoo.com.br
grata LIA
Luizaaaaaaaa!
É Pati Fernandes de Piracicaba, tá lembrada?
Adoro seu blog e seu site também!
Vc é show menina!
Onde posso encontar este livro que vc citou no post?
Beijos enormes para vc!
Pati Fernandes
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